Filipe, jovem estudante universitário, meu amigo de infância tem feito com que eu reflicta cada vez mais sobre certas atitudes da sociedade.
Estudamos juntos desde o ensino básico, separando-nos apenas a entrada no ensino superior. Hoje estuda economia mas os seus interesses são gerais e transversais a todas as áreas. Desde adolescente que Filipe demonstrou características próprias, características estas que marcaram a sua adolescência, juventude e com certeza marcaram o resto da sua vida.
A sua revolta interior sempre o colocou com os pés na terra. Fama, protagonismo e inveja gratuita foi algo com que nunca pactuou, embora por vezes gostasse do companheirismo destas, mas sempre com muito trabalho e esforço na berma da estrada que o levava até ao sucesso. Detestava a falta de humildade, a arrogância, o materialismo, o orgulho, entre outras coisas, mas na sua personalidade todas estas características tinham um lugar guardado na zona VIP. Tentava não as demonstrar mas por vezes era inevitável que estes defeitos saíssem com ele à rua.
Amor, paixão e amizade eram os seus pontos mais fortes. Filipe, nestes aspectos era grandioso! Eram sentimentos demonstrados de forma totalmente espontânea, algo que por vezes ele não queria transmitir com medo de se expor em demasia, mas era algo que Filipe não podia controlar.
A sociedade sempre o colocou em 2º. Era UM estudante universitário, era UM lutador, era UM amigo, era UM amor, era UM filho, era UM jogador, era UM ser humano. A sociedade sempre o tratou com "UM" e não como "O"! Neste conceito de sociedade estava um pequeno grupo que ele chamava de família. O seu pai, cedo emigrou, a sua mãe não procurava viver mas sim sobreviver, e o resto da sua família, exceptuando raros casos, sempre o viram como um rebelde...alguém que traçava bons caminhos para o insucesso. O que mais me revoltava era como toda a gente o desprezava. Não se importavam se os estudos corriam bem, se a sua vida pessoal corria bem, se o seu espírito era saudável, enfim, ele sempre foi considerado um "baldas", alguém que sempre vivia a vida de uma forma tranquila e relaxada. Mas existe um facto curioso: toda a gente está à espera do seu sucesso para enviarem mensagens hipócritas e doentias como: "És um vencedor", "Tu mereces", "Parabéns senhor Doutor!", "Orgulho-me muito de ti".
Um dia perguntei-lhe se ele não se sentia mal por ser o "eterno 2º", e de imediato ele me respondeu: "João, quem nos qualifica e julga jamais chegará ao patamar de julgado ou classificado, pois além de inveja e falta de carácter, essas pessoa demonstram uma grande falta de inteligência! Por isso confesso-te que adoro ser odiado! Sinto-me a pessoa mais importante do mundo. Nasci para ser polémico e julgo que por vezes sou bem sucedido!"
Filipe tinha muita força e uma personalidade forte, era raro quebrar. Era como um corredor dos 2000mts barreiras, que em todas as barreiras caia mas chegava sempre em 1ºlugar.
Sendo Filipe um portista ferrenho, foi com grande espanto que um certo dia o vi na Baixa do Porto a festeja um título do Sporting! Com cachecol e bandeira na mão, parecia um sportinguista desde pequenino. Dizia ele que lhe enchia a alma ver milhões de pessoas a festejar. Dizia também que o seu coração era demasiado grande para deixar de participar nas alegrias de seus amigos!
Uma vez confessou-me: "Eu não sou Filipe. Chamo-me Homem e os meus pais são Adão e Eva!".
Concluindo:
Jamais poderemos traçar o nosso caminho tendo em conta os dizeres da sociedade. Ela tem a obrigação de nos educar mas nós temos a obrigação de nos fazermos felizes!!!
João Laranjeira
14 de Maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
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